quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Ataque em sede de revista em Paris deixa mortos

07/01/2015 09h21 - Atualizado em 07/01/2015 16h24

Ataque em sede de revista em Paris deixa mortos

Polícia francesa disse que pelo menos 12 pessoas morreram.
Alvo foi sede de revista satírica que já foi atacada por muçulmanos.

Do G1, em São Paulo
Homens armados são vistos saindo de um carro e apontando armas a um carro da polícia perto do escritório da revista satírica 'Charlie Hebdo', em Paris (Foto: Anne Gelbard/AFP)Homens armados são vistos saindo de um carro e apontando armas a um carro da polícia perto do escritório da revista satírica Charlie Hebdo, em Paris (Foto: Anne Gelbard/AFP)
Pelo menos 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas em um tiroteio em Paris nesta quarta-feira (7). O crime aconteceu no escritório da revista satírica "Charlie Hebdo", que já havia sido alvo de um ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé, o que irritou os muçulmanos.
Entre os mortos estão dois policiais e 10 funcionários da revista. Segundo o jornal "The Guardian", cinco mortos foram identificados. São eles: o editor e cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, o cartunista Wolinski, o economista e vice-editor Bernard Maris e os cartunistas Jean Cabu e Bernard Verlhac, conhecido como Tignous. A agência Reuters, citando a polícia, diz que outras 10 pessoas ficaram feridas, cinco em estado grave.
Segundo fontes policiais, os autores do ataque gritaram "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé, alvo de uma charge publicada há alguns anos pela revista, o que provocou revolta no mundo muçulmano.
O procurador da República, François Molins, precisou os detalhes dos acontecimentos em coletiva de imprensa. Segundo disse, dois indivíduos entraram na sede da revista e perguntaram a dois funcionários da manutenção onde era a entrada. Em seguida, atiraram em um dos funcionários e renderam o outro no segundo andar do prédio, onde acontecia a reunião de pauta dos funcionários da publicação. Lá, atiraram e mataram 10 pessoas, sendo 8 jornalistas, um convidado e um policial encarregado da segurança.

Molins confirmou a informação de fontes policiais de que os autores do ataque afirmaram "vingar o profeta" durante o atentado. Segundo ele, os suspeitos fugiram de carro em direção ao norte de Paris, bateram em outro veículo e então abandonam o carro em que estavam. Depois, renderam um motorista e fugiram em outro carro.

Ele acrescentou que oito das vítimas eram jornalistas e que quatro dos 11 feridos estão em estado grave, segundo dados fornecidos pela polícia.
O número de suspeitos envolvidos no crime ainda é incerto e não foi confirmado pela polícia. Eles ainda são procurados e são perigosos, segundo as autoridades.

O Ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, disse que três suspeitos são procurados.
Mais cedo, Rocco Contento, porta-voz do sindicato dos policiais local, disse a jornalistas que três suspeitos fugiram em um carro dirigido por um quarto homem, segundo informações do jornal "The Guardian".
'Ataque terrorista'
O presidente francês, François Hollande, acrescentou que "40 foram salvas". Ele classificou o caso como um "ataque terrorista", e disse que a França está em estado de choque. Os autores do ataque são procurados pela polícia.
Hollande reconheceu que o governo sabia que a França "estava ameaçada, como outros países do mundo", e afirmou que "foram desbaratados vários atentados terroristas nas últimas semanas".
Uma reunião emergêncial do gabinete da presidência foi convocada para as 14h locais (11h de Brasília). Após o ataque, a França elevou para o nível máximo o nível do alerta terrorista em Paris.
“Cerca de meia hora atrás dois homens usando capuz escuro entraram no prédio com duas armas”, disse a testemunha Benoit Bringer à rádio France Info. “Alguns minutos depois nós ouvimos os barulhos dos disparos”. Ele acrescentou que os homens foram vistos deixando o prédio.
Pessoas se abraçam em frente à sede da revista satírica 'Charlie Hebdo', após ataque terrorista em Paris (Foto: Remy de la Mauviniere/AP)Pessoas se abraçam em frente à sede da revista satírica 'Charlie Hebdo', após ataque terrorista em Paris (Foto: Remy de la Mauviniere/AP)
Ao abandonar o prédio, os agressores atiraram contra um policial, atacaram um motorista e atropelaram um pedestre com o carro roubado.
"Ouvi disparos, vi pessoas encapuzadas que fugiram em um carro. Eram pelo menos cinco", declarou à AFP Michel Goldenberg, que tem um escritório vizinho na rua Nicolas Apert, onde fica a sede da revista.
mapa (Foto: G1)
Revista
A sede da revista foi alvo de um ataque a bomba em novembro de 2011 após colocar uma imagem satírica do profeta Maomé em sua capa.
Coincidência ou não, a Charlie Hebdo fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.
"As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes... Em 2022, faço o Ramadã!", ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.
A revista de humor tem sido ameaçada desde que publicou charges do profeta Maomé em 2006.
Em novembro de 2011, a sede da publicação foi destruída por um ataque criminoso, já definido como atentado pelo governo na época.
Em 2013, um homem de 24 anos foi condenado à prisão com sursis por ter pedido na internet que o diretor da revista fosse decapitado por causa da publicação das caricaturas do profeta muçulmano.
Policiais e bombeiros trabalham no local do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo, em Paris (Foto: AFP)Policiais e bombeiros trabalham no local do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo, em Paris (Foto: AFP)

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